Bloomberg: China comprará carne do Brasil com menor rebanho nos EUA e seca na Austrália - Notícias Agrícolas

Posted by | Posted on 15:08

A seca está forçando pecuaristas da Austrália - terceiro maior produtor de carne bovina - a abater parte de seu rebanho. Os Estados Unidos também registram seu menor rebanho em 63 anos por conta da estiagem, aumentando os temores de uma escassez global de carne nos próximos anos.      
O abate de animais pode aumentar a oferta de carne em curto prazo, mas indica oferta reduzida em médio e longo prazo.      
Com a redução de oferta da Austrália, seu principal fornecedor, a China poderá reabrir seu mercado para a carne bovina do Brasil e dos Estados Unidos, segundo analistas.
Brad James, gerente da Rabobank, em Queensland, principal estado produtor da Austrália, com 28 milhões de cabeças de gado, afirma que em 12 a 18 meses o mercado não terá o gado que deveria estar nascendo agora. “Vacas afetadas pela seca não podem parir”.
Preços em alta
Um déficit de oferta da Austrália, país que responde por quase um quinto do comércio mundial de carne, poderá elevar os preços em um momento em que a demanda por carne está aumentando em muitos países emergentes, principalmente na Ásia, onde a classe média cada vez mais rica está desenvolvendo gosto por dietas ocidentais ricas em proteína e pelo hambúrguer de fast-food.  
Analistas afirmam que o preço do gado australiano poderá subir até 50% este ano. As cotações do gado vivo no mercado futuro na Bolsa de Chicago já estão batendo recordes de alta.
Queensland já registrou menos da metade do volume normal de chuvas nos últimos 3 meses, secando reservas de água e impedindo o crescimento das pastagens em uma área com o dobro do tamanho da França. Este é o segundo ano consecutivo que o estado sofre com chuvas fracas.
Na semana que terminou no dia 24 de janeiro, o abate de gado na Austrália subiu 40% em relação à média anual e alcançou o recorde de 161.712 cabeças, segundo o Serviço Nacional de Informações sobre Pecuária.
Em janeiro, representantes da indústria de pecuária da Austrália projetaram que o rebanho do país seria reduzido para 27,25 milhões de cabeças até o final do ano comercial 2013-2014. Porém, a redução poderá ser ainda maior se a seca persistir.
Diversificação de proteína animal
Os altos preços da carne bovina devem fazer com que muitos consumidores procurem outros tipos de carne. “Nós vemos uma maior demanda por frango e carne suína”, afirma um analista de Hong Kong.
Países importadores de carne bovina também devem diversificar suas fontes de fornecimento. As importações de carne da China quadruplicaram em 2013, para 400 mil toneladas, de acordo com o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Deste volume, 150 mil toneladas foram fornecidas pela Austrália.
A China é o terceiro maior consumidor de carne bovina, atrás do Japão e dos Estados Unidos, e já está procurando abrir seu mercado para novos fornecedores. "É muito provável que a China irá abrir o mercado para o Brasil e para os Estados Unidos este ano”, afirmou Jan Chenjun, analista sênior da Rabobank em Pequim.
Os chineses barraram as importações de carne dos Estados Unidos em 2003 e do Brasil em 2012, depois da descoberta da doença da vaca louca em animais dos dois países.  
Redução de rebanho nos EUA
O rebanho de gado nos Estados Unidos atingiu o menor nível em seis décadas, segundo uma pesquisa realizada pela Bloomberg. Mais de 80% da área do Texas, o maior estado produtor, ainda está se recuperando do clima extremamente seco.
O USDA estima que a produção da indústria de carne, avaliada em US$ 85 milhões, poderá atingir o maior nível em 20 anos, em 2014.
Os pecuaristas norte-americanos tinham 87,99 milhões de cabeças de gado em 1º de janeiro, o que representa do menor nível desde 1951. Este também é o sétimo ano consecutivo de redução de cabeças.
Clima seco e frio
O clima seco e frio no Meio-Oeste dos Estados Unidos diminuiu o peso dos animais e atrasou o desenvolvimento do gado, fazendo com que os preços atingissem níveis recordes em janeiro, embora os pecuaristas tenham vendido mais gado, por conta da estiagem.
As condições climáticas extremas em todo o mundo estão causando prejuízos para os agricultores e ameaçando a produção global de alimentos.
No Texas, o clima seco destruiu pastos e causou perdas de até US$ 3,23 bilhões em animais. A Califórnia também registrou seu ano mais seco em 2013, prejudicando o desenvolvimento do gado e vacas leiteiras.
A produção comercial de carne nos Estados Unidos deverá ter uma queda de 5,4%, para 11,03 milhões de toneladas, o menor volume desde 1994. Segundo o USDA, este é o quarto ano consecutivo de queda na produção.
O consumidor americano deve pagar até 4% a mais na carne bovina. Em 2013, os preços já subiram 2%.
Segundo dados das Nações Unidas, enquanto os preços globais de alimentos caíram 3,4% em 2013, o preço da carne subiu 0,5%.

Informações: Bloomberg

Tradução: Fernanda Bellei
Fonte: Notícias Agrícolas

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